Ao longo destas semanas realizámos algumas entrevistas, no sentido
de perceber o mercado, as suas necessidades e características. Privilegiamos,
essencialmente, interlocutores sérios e fidedignos, com os quais pudéssemos ter
uma conversa sincera e aberta. Eis o resumo de algumas das entrevistas.
Entrevista BROLIVEIRA
A BROLIVEIRA dedica-se, há 25 anos, ao transporte
especializado de mercadorias internacionais. Em conversa com Tiago Marques,
responsável da BROLIVEIRA Coimbra, apercebemo-nos de que se trata de uma
empresa com uma frota própria de, aproximadamente, 500 viaturas e está muito
focalizada nas galeras de lona, semi- rígidas, mas também nas de temperatura
controlada.
Têm especial cuidado com a manutenção da frota e têm
mecanismos internos de seguimento da frota e de sinalização por mensagem para o
motorista, nomeadamente, nas inspecções periódicas obrigatórias. Actualmente, estarão
a desenvolver um projecto-piloto, em fase de testes, que lhes dará informações
sobre portagens e alguns outros dados de gastos m viagem. Neste momento o
condutor preenche um relatório, o qual depois tem de ser processado, enquanto
que com a nova tecnologia passarão a ter a informação disponível ao longo do
percurso.
Têm uma política de preços e de posicionamento no mercado
muito transparente, que se baseia nos conhecimentos do gerente.
Relativamente, à problemática do vazio de carga, afirmou que internamente
resolvem tal questão. Ao se aperceberem de rotas com mais movimento, o gestor
de tráfego tem por função procurar clientes, empresas, que exportem para
Portugal. Alternativamente, estabelecem relações de parceria com 2 a 3 empresas
transportadoras. Havendo rotas para as quais não têm capacidade de resposta,
contactam a JLS e a Pascoal para poderem cumprir os serviços.
Demonstrou alguma desconfiança em relação às bolsas de carga,
pois a dificuldade em gerir os recebimentos condiciona o seu uso. Recebem a 60
e 90 dias! Ou a 360 ou nunca! Em tais casos accionam um seguro de pagamentos.
Finalizou afirmando que a actividade ainda é rentável se os
custos de exploração forem bem controlados, e que o nosso projecto tem
oportunidade de negócio se trouxermos transparência ao mercado e agilização de
pagamentos.
Entrevistas AZKAR
Em entrevista ao Director de Operações da AZKAR Ibéria, apercebemo-nos que dedicam-se à prestação de serviços de transporte, não sendo por isso uma transportadora stricto sensu. Utilizam frota de terceiros, através da celebração de contratos de longo prazo, ou então acordos esporádicos.
Estava ciente de que 1/4 dos veículos a nível europeu circula
em vazio de carga e, em sua opinião, tal resulta sobretudo da incompatibilidade
de rotas e não de uma gestão ineficiente por parte das transportadoras. Salientou
que, actualmente, em Portugal tem-se verificado um super avit comercial,
exportamos mais do que importamos, fenómeno provocado, maioritariamente, pela
diminuição abrupta do consumo interno, levando sobretudo a uma menor
importação, mas também a uma re-focagem das empresas na exportação como forma
de o compensar.
No tocante à dinâmica que há no mercado, as grandes
transportadoras celebram parcerias entre si, e vê isso como óbvio para a
sobrevivência no mercado. A própria AZKAR tem parcerias nos mercados europeus
mais expressivos, com os operadores líder de cada um dos mercados.
Descartou o segmento dos particulares por ser inexpressivo e
não ter um real impacto. Em alternativa, indicou a carga fraccionada como o nicho
de mercado onde se poderá efectuar uma maior optimização comparativamente à
carga completa ou ao serviço de expresso.
Assim como sugestão de estudo aconselhou a segmentação em
quantidades que não são carga completa, e que no serviço expresso a sua
deslocação é extremamente onerosa.
Entrevista Freitas
Transportes
A empresa, tradicionalmente, dedicava-se ao segmento dos
combustíveis, porém, de 1 ano a esta parte que opera com carga indiferenciada
(80 camiões para combustível e 10 para mercadoria). Trata-se de uma tentativa
de diversificação do negócio, aproveitando o facto de pequenas transportadoras
terem falido em massa no último ano, comprando-lhes a frota semi-usada.
A nível de gestão de frota é one-man-show. O único software
que dispõem é de localização GPS e tudo o resto é o gestor de frota que
mentalmente organiza. No caso deles funciona muito bem pois têm sempre o pleno,
mas têm noção que em momento de expansão vão ter que alterar a estratégia.
Não têm a noção de ¼ dos veículos circular em vazio, nem é
para eles grande preocupação, pois não aceitam encomendas sem a confirmação de
retorno.
Contudo, reconhecem que há um super-avit de exportação, pois
é difícil arranjar carga na volta. Recorrem sobretudo a companhias como a Garland
para assegurar a existência de carga, embora existam também bolsas de carga on
line, nos quais eles não estão interessados.
Já fizeram experiências em partilhas de rotas, que correram
muito mal pela não honestidade do parceiro. O principal problema na partilha de
rotas centra-se na imprevisibilidade de, à partida, garantir ao cliente final
qual o custo visto estarem dependentes do custo cobrado pelo outro parceiro.
Realçam que para o sucesso de tais parcerias é necessário parceiros
constantes e rigorosos que “entreguem a tempo e horas” e que tenham uma visão
de longo prazo.
AICEP
A AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de
Portugal) foi uma das entidades que contactamos, aproveitando a iniciativa
Portugal Global, consultável no site deles, que visa a procura de transparência
e de parceiros logísticos por parte das empresas exportadoras.
A entrevista decorreu na delegação do Porto, tendo como
interlocutor o Engenheiro Pedro Rodrigues, Director da AICEP.
Focando na sua esfera de influência e, além de diversos
outros alertas, frisou que é necessário estabelecermos contacto directo com as
empresas exportadoras, tendo recomendado empresas das áreas do Têxtil, Calçado,
Máquinas e equipamentos, Moldes, Mobiliário, Cutelarias.
Ao estabelecermos tal contacto, do ponto de vista do
entrevistado, devemos despertar o interesse das empresas e, sobretudo, ser
explícitos quanto à nossa PROPOSTA DE VALOR
Por fim, recomendou contactos com a APLOG e APAT, tendo-se
disponibilizado a acompanhar o nosso crescimento, em particular a consolidação
da nossa Proposta de Valor e a servir de ponte nos contactos a realizar com as
empresas exportadoras.
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